Pressão para Domingos

white corner field line on artificial green grass of soccer field
Nunca nos anos mais recentes, teve o Sporting a possibilidade de formar um onze com a qualidade individual que promete vingar em Alvalade na presente época.
A pressão e a responsabilização sobre o treinador será, e terá mesmo de ser, maior que nunca. Há, porém, que garantir uma forma correcta de avaliar o seu trabalho, para além dos troféus que almejar. Se Domingos mostrar competência estará mais próximo de ser feliz, mas não há garantia de que bastará a sua competência para levar o Sporting aos títulos.
Se numa Liga juntarmos os melhores dezasseis treinadores do mundo, os que ficarem nos últimos lugares são incompetentes? E se juntarmos os piores. O campeão passará a ser competente?
A Domingos deve ser exigido futebol. Uma equipa segura a defender, próxima e solidária. E ao mesmo tempo, ser ofensivamente capaz de chegar com assertividade, qualidade e frequência às zonas de finalização.
Se pudesse entrar naquela mente, esqueceria imediatamente a linha de quatro médios ofensivos nas costas de um avançado, e prepararia o quanto antes o tradicional 4x3x3. Crê-se que jogadores como Schaars ou Elias beneficiariam imenso a jogar uns metros mais recuados, e a levar o jogo de trás para a frente. E o brasileiro até parece ter uma chegada à área adversária bem interessante.
E seria com Rinaudo a trinco, uns metros à sua direita e esquerda, com Elias e Schaars (ou Izmailov), Jeffrén a extremo esquerdo, tal como na maioria dos minutos que somou em Barcelona, e Izmailov (ou Capel) a extremo direito, com Bojinov a avançado, que iniciaria o que falta da presente época. Sabendo que fora do onze, há ainda várias opções interessantes, com capacidade para poder mudar a ideia inicial.
A Domingos não deve ser exigido o título. É indesmentível que disputa o troféu com adversários mais apetrechados. Deve, todavia, ser exigido um jogar totalmente diferente do que nos foi apresentado no início de época. Daqui por um mês, qualquer resultado menos bom terá de ser uma fatalidade, e não fruto da incapacidade da equipa em produzir jogo.
P.S. – Sobre as ocasiões de golo. Diz-nos o site da Liga que o Sporting é a equipa que mais ocasiões cria. Vinte e três, contra dezoito de Benfica e dezassete do FC Porto. Talvez o problema seja englobar todo e qualquer lance que termine com remate perigoso à baliza, em ocasião de golo. É que exceptuando o golo de Izmailov no primeiro jogo, o mal anulado de Postiga, e a incrível perdida de Capel em Aveiro, é difícil recordar onde esteve o Sporting mais próximo do golo, do que Hulk quando cobrou dois penaltys, do que Nolito quando isolado só com o guarda redes do Gil Vicente fez golo, e quando sem ninguém ao seu redor, já próximo da pequena área rematou para a baliza deserta do Feirense, do que Cardozo quando praticamente na linha de golo encostou para o segundo golo no jogo com o Feirense, do que Saviola que recebe um passe atrasado rasteiro a menos de um metro da linha da pequena área, quando chega ao golo em Barcelos, ou do que Bruno César que percorre toda uma avenida e termina a finalizar em zona central só com o guarda redes à sua frente na Madeira. Considerar que estes lances têm a mesma dificuldade de finalização que um qualquer remate que apesar de desenquadrado, e ou feito de fora da grande área, saiu bem e obrigou o guarda redes a defeder, não faz sentido. Contra o Maritimo, mesmo os golos do Sporting se ficaram a dever mais à excelência de Izmailov e à fortuna momentânea de Jeffrén, do que propriamente à capacidade do Sporting para gerar lances de perigo iminente.

P.S. II – Ainda sobre as oportunidades de golo. Procure ver os dois golos leoninos frente ao Wolfsburg no Next Generation Series U19. Quando os seniores perderem pontos depois de desperdiçar oportunidades como as criadas nos tais golos, saberemos que mais do que da construção das situações de finalização, o problema do Sporting estará na própria finalização.

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*