Fluminense. Campeão do Brasil. Post 2.

white corner field line on artificial green grass of soccer field
Campeão porque ofensivamente soube exprimir melhor o seu talento. Defensivamente o nível do Brasileirão está a anos luz do que se produz no futebol europeu. Agravado pelas dimensões sempre largas e profundas de praticamente todos os relvados. Independentemente do jogo, é bastante raro encontrar situações contra onze adversários concentrados num curto espaço do campo. O jogo tende sempre a partir-se em defesas e médio defensivo / médios ofensivos e avançados. Ocasionalmente há defesas laterais que participam em todos os momentos do jogo. 

É o futebol no seu estado mais puro. Citando um treinador brasileiro, justificando o facto de Jean, um dos melhores do Brasileirão ter tido insucesso na Liga Vitális em Portugal “Lá os jogadores se dão bem porque o treinador não chateia. Cada qual faz como quer”.
É difícil prever o sucesso do jogador brasileiro nos campeonatos europeus. Sabendo, porém, que “se vocês (europeus) se adaptam e são capazes de jogar com pouco espaço, como não nos vamos adaptar nós (brasileiros) se somos mais talentosos?”. 
No jogo retratado na imagem, Éder Luiz, ex SL Benfica, faria dois golos, ambos a receber a bola na profundidade. É também muito pela qualidade que o brasileiro demonstra no passe de ruptura que pelo Brasil se apelida de “linha burra”, alguns dos comportamentos defensivos zonais dos melhores campeonatos europeus. De nada adianta ter uma linha defensiva bem direitinha se o controlo das distâncias não é o mais adequado e se o portador da bola não é incomodado. 
Referências individuais do post 2.
1. Deco. Extraordinária a percentagem de vitórias do Flu com o maestro em campo. Numa liga onde a capacidade física não é tão requisitada (demasiadas vezes é necessário correr mais, porque colectivamente os espaços não são encurtados. Todavia, há muito menos contacto, que será porventura a principal causa, para além da alternância da velocidade da passada, de desgaste ao longo de um jogo de futebol. Daí, surgir a resistência específica, e daí não haver forma melhor de treinar o físico para um jogo de futebol que jogando futebol) quanto no futebol europeu, Deco foi sempre um dos melhores da Liga, quando esteve apto. As suas qualidades técnicas e de tomada de decisão estão intactas, e só isso ajuda a perceber a diferença que é ter um jogador de tal nível num campeonato onde o espaço abunda. Não é o homem do campeonato pelos longos períodos de indisponibilidade.
2. Wellington Nem. Velocidade e objectividade. Nem foi quem mais desequilibrou a favor do Flu. Muito forte individualmente, quer pela velocidade a que se move quer pela qualidade técnica. Os seus vinte anos fazem predizer que chegará a uma boa equipa europeia sem dificuldades de maior. Quando atingir uma maior maturidade, integrado num modelo de jogo que potencie as suas qualidades, chegará à canarinha. É uma das boas promessas do futebol brasileiro. Há que o seguir com bastante atenção.
3. Fred. Goleador. Grande qualidade no momento de finalizar. Fred tem um remate fantástico. Nem sempre participativo no processo ofensivo, e totalmente alheado do defensivo. Todavia, tem mil e uma formas de receber, enquadrar e finalizar. O ponta de lança típico que beneficiando do bom trabalho dos colegas de equipa chega com relativa facilidade ao golo. Aos vinte e nove anos, não mais faz sentido outra aventura europeia. Não deixa, contudo, de ser uma das mais valias do Brasileirão.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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