
Mourinho, in A Bola.
“Ter um modelo de jogo perfeitamente definido e não fugir dele, acreditar nele, é um aspecto marcante das minhas equipas. E é fundamental que assim aconteça”
“Eu não vou para nenhum jogo em que a organização defensiva me exija mais do que a organização ofensiva. Assim como não vou para nenhum jogo sem que todos os jogadores tenham a sua função ofensiva e defensiva. Inclusivamente, o guarda redes tem a sua função ofensiva.”
“Não consigo dizer se o mais importante é defender bem ou atacar bem, porque não consigo dissociar esses dois momentos.”
“Acho que a equipa é um todo e o seu funcionamento é feito num todo também.”
“Penso que isso tudo está demasiado interligado para eu fazer essa separação”
“Numa equipa que quer ser de topo, todos os jogadores têm de participar nos quatro momentos do jogo… guarda redes incluído”
“Algo que para mim também é muito claro é que, para se assumir o jogo, é necessário ter a bola. Assumir o jogo é ter a bola e usufruir dela.”
“A minha ideia táctica principal passa por termos noção clara da coisa mais importante do futebol moderno para além de marcar golos: ter a bola.”
“Campo grande a atacar, linhas juntas a defender; uma reacção forte à perda da posse de bola; uma estrutura fixa em termos posicionais e uma estrutura móvel, ou seja, há jogadores que têm posições fixas no campo e há outros que, pela sua dinâmica, têm mobilidade, apesar de haver sempre equilíbrio posicional”
“Gosto que a minha equipa seja uma equipa com posse de bola, que a faça circular, que tenha muito bom jogo posicional e que os jogadores saibam claramente como se posicionam. Aliado a isso, defender bem e ter qualidade individual também são aspecto cruciais.“
“Há equipas exageradamente preocupadas com o aspecto defensivo e, muitas vezes, no jogo, têm grande dificuldade em sair de uma situação de pressão para uma situação de posse. Esse é um aspecto que eu trabalho imenso: a saída após recuperação da posse de bola. Isto é, ter a capacidade de jogar de uma forma a defender e, depois, em posse de bola, modificar aquilo que é fundamental: a recuperação das posições em campo, o tirar a bola da zona de pressão, etc.”
“Para além da posse e circulação, outro grande princípio que facilmente se identifica nas minhas equipas é o «pressing» alto zonal. E, para mim, o pressing não é mais do que um meio para se recuperar a posse de bola e só faz sentido se depois a equipa souber fazer uso dessa posse.”
“Quando cheguei ao Leiria, a União jogava com muita gente atrás da linha da bola, num sistema de contra-ataque ou ataque rápido, e a sua organização ofensiva era muito fugaz. A minha intenção era torná-lo numa equipa mais dominadora, com mais tempo de posse de bola, com mais iniciativa de jogo, com mais controlo sobre o jogo e que jogasse mais em continuado. E, nessa perspectiva, a equipa teria que defender bem, mas sem utilizar o principio da «povoação», porque há equipas para as quais defender bem significa «povoar» muito. Portanto, as dificuldades que se criam ao adversário não são pela qualidade do jogo defensivo, mas sim pela aglomeração dos jogadores. Se uma equipa da terceira divisão com maus jogadores, mas onze jogadores todos eles em situação defensiva no primeiro terço do campo, for jogar contra o Real Madrid, o Real Madrid vai ter sempre algumas dificuldades. Agora, aquilo que eu quero é defender bem, mas não pelo princípio da aglomeração de jogadores.”
“Para mim, defender bem é defender pouco, é defender durante pouco tempo, é ter a bola o mais tempo possível, é estar a maior parte do tempo com a iniciativa de jogo, não tendo necessidade de estar em acções defensivas. Para outros, defender bem é defender de uma forma compacta, é defender, por exemplo, com todos os jogadores atrás da linha da bola, retirando espaço aos seus adversários. Para outros ainda, defender bem é anular, sob o ponto de vista individual, os jogadores fundamentais da equipa adversária. Para mim, defender bem é uma mistura de «pouco», em termos de quantidade de tempo, mesclado com o momento da perda da posse de bola.”
“Pode-se defender bem em qualquer lugar. Agora, eu prefiro defender longe da minha baliza, porque, quando recupero a bola, estou mais perto da baliza do adversário, que é o meu objectivo no jogo.”
“Há quem diga que os jogadores mais criativos – aqueles com grande potencial ofensivo – devem ser poupados ao nível das tarefas defensivas. Eu penso que quem disse isso percebe pouco de futebol! Quem diz isso ou é o adepto comum, ou é o jornalista ou o crítico que, como quase todos, sabe pouco de futebol, ou é o treinador que ainda não chegou ao topo ou que já esteve e já desapareceu. Porque, no futebol de hoje, esses conceitos estão completamente mortos. Os onze jogadores têm que saber o que fazer em posse de bola e os onze jogadores têm que saber o que fazer quando o adversário tem a posse de bola.”
Citações retiradas do livro de Bruno Oliviera, Nuno Amiero, Nuno Resende, e Ricardo Barreto, de 2006: Mourinho. Porquê tantas vitórias?
Assim, nesta época, o treinador português encheu-me de esperança ao ouvir no início da época, as suas intenções para com o modelo de jogo do Chelsea.
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