
Voltamos a um tema “polémico” aqui no blog.
Recuperando algumas passagens de um texto com mais de um ano, publicado aqui.
Como podemos nós afirmar que treinador Y é melhor que X, apenas porque venceu mais um ou dois campeonatos que o seu colega de profissão? Se os dois não estiveram no mesmo contexto, com as exactas mesmas armas, como podemos concluir que X é melhor que Y porque lhe venceu? O que nos diz que Y no contexto e com as armas de X não venceria também?
Desde o fenómeno Mourinho que os treinadores são tidos como deuses. Deuses no sentido de que as vitórias, e sobretudo as derrotas passam mais por si próprios do que por quem realmente joga o jogo.
Continuam os adeptos de futebol a ignorar que há adversários. Valorosos e que também condicionam todo o jogo.
“Ao treinador compete dar armas (organização) para que os seus atletas sejam mais do que individualidades no campo, mas que se saibam relacionar entre si, com princípios colectivos. Que ocupem o espaço e se movimentem com e sem bola, ofensivamente e defensivamente, de acordo com ideias comuns. Neste espaço valorizamos os que para além de conseguirem criar estes princípios, o façam em todos os momentos do jogo. Tratem todos os momentos com a devida importância, e que como tal tenham a equipa preparada para jogar o que o jogo der. Conseguindo isso, o melhor treinador do mundo pode perfeitamente perder com o pior. É que são humanos que jogam o jogo.”
Quando se escolhe um treinador, deve-se sobretudo olhar para o seu modelo de jogo. Para os comportamentos da sua equipa nos diferentes momentos do jogo e se esse jogar encaixa na filosofia do clube.
Mourinho era uma escolha certa para o FC Porto, não porque a União de Leiria havia somado muitos pontos, mas porque jogava com ideias de clube grande. Assumia os jogos em posse, era uma equipa agressiva em organização ofensiva, e controlava como poucas as transições e os posicionamentos em organização defensiva.
Foi por isso que há nove meses atrás surgiram alguns posts sobre um “novo” treinador português. Aqui.
“Paulo Sousa não é hoje um nome muito falado em Portugal. Todavia revela qualidades muito superiores às dos que vão sendo revelações por cá.”
Chegou a eliminatória com o FC Porto e a derrota copiosa no Dragão, fez chegar muitas criticas. Afinal o treinador não era assim tão bom. Nada mais falso. E porquê? Porque não é por um resultado ou um troféu que se deve avaliar a competência do treinador! As ideias são as mesmas. Se são boas, não são as derrotas que determinam a qualidade do treinador. Alguém acredita que Guardiola ficaria nos primeiros quatro da Liga portuguesa servindo o Arouca? E nesse caso, não teria capacidade para treinar um grande? Se andasse pelo meio da tabela? E como poderiamos nós perceber que teria essa capacidade…? Pelas ideias que implementa, pois claro! Pela forma como a sua equipa se posiciona em campo e reage em cada um dos momentos do jogo.
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