Quanto mais rápida vai, mais rápida volta. Ideias de quem vale a pena seguir.

O jogo e o treino. Com as ideias claras dos melhores. Daqueles que nos enriquecem e fazem valer a pena segui-lo.

Cuanto más rápida va la pelota, más rápida vuelve.

Queréis jugar en largo? No hay problema… Pero debéis saber una cosa: la pelota que viaja rápido, más rápido vuelve. Ya es la puta verdad del fútbol. De cada diez balones largos, en ocho el central contrario lo enfrenta de cara y gana el duelo. Y cuando tu empiezas a ir, la bola ya está volvendo.

Ganar con solo dos toques de dos jugadores es menos probable, mucho menos probable que con el juego de posición, a menos que los dos jugadores sean Maradona como central y Maradona como delantero. Si no, es muy difícil.

Pensamentos de Juan Manuel Lillo no livro de Martí Perarnau, “Pep Guardiola, la metamorfosis”

As metodologias para o futebol têm de assentar no futebol. Somos das poucas actividades que vão ao atletismo, vão ao culturismo e vão a outras atividades que não vale a pena mencionar buscar um conjunto de aspetos para tentar trazer coisas para o futebol. E o que penso é que o importante é haver coerência. Quando se opta por um tipo de metodologia, há que ter coerência. Há um conjunto de princípios e valores metodológicos que têm de ser cumpridos e entristece-me ver muitas vezes que as pessoas não assumem a sua opção metodológica. Às vezes não sei se será por falta de conhecimento ou se é por entenderem que é melhor assim. Acredito que o jogador português é um jogador com talento e o treinador português também é um treinador com talento. Penso que a qualidade do treinador português é indiscutível mas acho que nós temos de ir para o jogo e perceber que o jogo tem tudo. Tudo o que é preciso está no jogo. Portanto, tudo o que seja extra jogo não pode trazer algo para o jogo. É a minha opinião. Mas mais grave do que as pessoas irem buscar outras coisas fora do jogo é irem a outras modalidades e fazerem uma conjugação de coisas como se umas não afetassem as outras – porque afetam. Quando nós queremos desenvolver o jogo, temos de olhar para o jogo e inquinar o jogo no sentido daquilo que nós precisamos, encontrando a resposta no jogo. De forma isolada não acredito que sejamos capazes de dar as respostas necessárias. O corpo no jogo não é um corpo qualquer. Se o corpo precisa de alguma coisa, há de ser no jogo que vai encontrar isso. É no jogo que estão todas as soluções possíveis.

Professora Marisa Gomes, seleccionadora nacional de sub17 feminino e membro da equipa técnica da equipa A feminina, em entrevista ao Expresso.

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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

20 Comentários

  1. Muito do que penso sobre o jogo foi claramente influenciado por projectos como o Lateral Esquerdo. Mas ultimamente ando focado na dualidade, no preto e branco, nas faces da moeda, e cada vez mais penso que ‘verdades absolutas’ matam a criatividade. Não é uma crítica, até porque continuo a pensar que muito do que se aqui diz está à frente no tempo. No entanto a formatação do jogo com ideias, como a da primeira citação (a segunda é ainda mais discutível e fechada), é fechar os jogadores para uma só maneira.

    Costumo ouvir dizer, muitas vezes, algo em que me revejo: o futebol é o momento. Apoiado nisso penso que o melhor treinador é aquele que melhor interpreta esses momentos. Interpretem como quiserem 😛

    Mas onde é que queres chegar, Marco?

    Sempre defendi a posse como forma de controlar o jogo. Mas também sei que é impossível controlar tudo – isso é também ter receio de tudo. Levar o futebol para algo controlável e formatado não o faz evoluir. Nos dias que correm, uma equipa que não saiba ter a bola fica muito aquém daquilo que o jogo lhe permite. E uma equipa que não saiba jogar rápido quando o pode fazer, e quando é a melhor solução, deve ser posta no mesmo patamar.

    Comparem-se Porto e Benfica. Uma quer levar o jogo para o meio-campo do adversário e aí encontra extremas dificuldades em marcar. A outra, por marcar tanto (e de tantas maneiras), pode controlar sem bola, com bola, subida, recuada… É o modelo que lhes permite (aos encarnados) controlar, dominar, ganhar? ou é a elevada eficácia? Sei que andará no meio das duas, mas não deixa de provar que o golo marcado/sofrido (pelo seu peso psicológico) é aquilo que mais peso tem na saúde mental das equipas. E para os marcar há que aproveitar todo e qualquer momento, toda e qualquer forma. Como definir esses momentos e formas, já vai para capítulos tipo o post da ‘Força’ do Bergkamp.

    Abraços!

    • Tivesse lido o teu excelente comentário e nem precisava de ter feito os meus, escreveste basicamente o que penso, mas com um português muito melhor. 😀

      Comentando também a 2º citação, é basicamente o que referiste… já dizia o prof. Manuel Sérgio (salvo erro) “quem só percebe de futebol, não percebe grande coisa de futebol”

      • Acho que a intenção do PB não foi ‘fechar’ o futebol. Mas, a meu ver, há que ter atenção para o facto das nossas ideias serem oposição directa a outras. E assim sendo não seriam algo totalmente novo, criativo, mas sim a outra face da moeda. E isso não será mais do que as discussões noutros campos (ex: Direita e esquerda em política).

        Está a tentar criar-se algo novo ou está-se só a tentar combater e extinguir o existente.

        Isto não é uma crítica ao blog mas uma chamada de atenção a todos nós. Eu próprio tenho sido assolado por estas dúvidas e evito, cada vez mais, textos onde a expressão”sabe tudo sobre o jogo” surge em catadupa.

        Abraço

  2. Há outra coisa que também é certa no futebol, que quanto mais lenta a bola vai, melhor a equipa adversária estará posicionada e preparada para defender com sucesso o lance… e se em bola rápida a cada 10 há 8 lances perdidos, em bola lenta a estatística deve ser bem pior.

    Sou um apaixonado pela transição rápida com superioridade, critério e dinâmica… o futebol já é isto hoje e vai ser ainda mais no futuro.

      • De um futebol mais directo mas sem critério não sou fã. No entanto há que respeitar quem o prefira… não vejo as pessoas que gostam desse tipo de jogo a tentarem impingir ao mundo as suas ideias como se fossem a salvação do futebol bem jogado. É o futebol actual sempre que dita as regras… até os ingleses o perceberam.

    • Quando digo “o futebol já é isto hoje”, digo como momentos chave. Há espaço para tudo no futebol, jogar mais lento a determinada altura, ver oportunidade para jogar mais rápido e isso ser proveitoso noutra, etc. Uma equipa camaleónica no fundo… que com isso está mais perto do sucesso e de dificultar a leitura de jogo adversária.

    • Mas a questão não me parece que seja tanto o lance perdido, mas sim o seres apanhado em contra-pé todo desequilibrado. A expressão “Y cuando tu empiezas a ir, la bola ya está volvendo” também deveria estar a bold, porque é aqui que está o cerne da questão.

      Ainda ontem, com o Benfica com dois golos de vantagem, os comentadores se queixavam de o Benfica estar a jogar lento. Mas a verdade é que, em caso de perda de bola, o Benfica estava praticamente reorganizado para a recuperar. Na reta final do jogo, o Leixões pareceu mais por cima precisamente porque o Benfica passou a jogar mais rápido e directo.

      • Não entendi o texto da mesma forma que tu e não acho que uma equipa seja facilmente apanhada em contra-pé por jogar longo, se é menos compacta e abre mais espaços entre-linhas? Provavelmente sim… mas apanhada em contra-pé, discordo.

        Quando penso em equipas em contra-pé hoje em dia penso muito em bolas paradas como: cantos (pós 2ºs bolas), livres laterais (pós 2ºs bolas) ou bolas perdidas em zonas recuadas do terreno (que por acaso, dão-se muito mais facilmente com um estilo de jogo mais lento e em posse do que em jogo directo).

        ———————————————————————–

        Olha, quanto ao Benfica só vi os primeiros 20 minutos da 1º parte, não estava a jogar tão rápido quanto isso mas qb para chegar ao golo e estava a fazer outra coisa fundamental muito bem, retirar rapidamente a bola ao adversário… se calhar quando esteve a jogar mais rápido e directo falhou nesse aspecto, concedeu mais espaços, etc, daí o Leixões ter tido também a sua oportunidade de jogar.

  3. A Marisa na entrevista diz algo mais. Algo que vai de encontro, se percebi bem, ao que o Marco diz.

    A questão é que não é preto e branco, mas é preciso compreender o que se diz. Na questão da bola larga do Lillo, ele diz claramente “8 em 10 a bola está de volta quando tu estás a ir embora”. Isto quer dizer que não só que sobram 2 ocasiões, mas também quer dizer que se calhar não tens de te ir logo embora nas 8 que sobram.

    É a mesma coisa aplicada ao cruzamento como anátema do futebol de posse. O cruzamento em chuveirinho, aquele do desespero, claro que vai contra. Agora o cruzamento que encontra aquele tipo ao segundo poste e a defesa contrária toda ainda a virar-se quando a bola lá chega? Isso não é bom?

    • Já estive a ler mais um pouco da entrevista da Marisa e ao que parece foi aluna do prof. Vitor Frade, pelo que se compreende um pouco melhor as suas afirmações. Ainda assim considero redutor alguém considerar que não se deve ir beber ideias/inspiração/o que quer que seja a outros desportos.

      Para se ter uma ideia, até na NBA se estuda futebol, se vê vídeos de futebol, os jogadores se inspiram com jogadores de futebol.

      • Quem é que a ver Moneyball não pensou em futebol? Quem é que a ver esse filme hoje em dia não pensava em Leicester, por exemplo? 🙂

        • Mais do que Leicester, que terias de adaptar um bocado, tens o caso muito concreto do Midtjylland na Dinamarca, que aplicaram exactamente os princípios do Moneyball.

        • E esqueci-me no outro comentário. Acho que a Marisa não faz a apologia do futebol fechado em si, o que eu percebi é que o futebol pode ir buscar coisas aos outros desportos, mas deve adaptar ao contexto do futebol.

  4. eu quando perco tempo a cozinhar maior parte das vezes sai um piteu que sim sr…já quando cozinho no micro ondas…nao sabe a nada…é na msm comida…mas a diferença é que cozinhar nao é para todos…

      • Bom isso é interessante porque o cozinhar em micro-ondas tem toda uma “ciência” por trás. Primeiro o micro-ondas não serve só para aquecer comida já cozinhada. Também se pode cozer arroz, ou fazer um estufado num micro-ondas, desde que se saiba como o fazer, uma vez que a forma de aquecer é diferente e a difusão de calor irá acontecer não de fora para dentro, mas tendencialmente de dentro para fora.

        Da mesma forma se pode dizer que jogar rápido e com pontapé para a frente poderá não ser a forma clássica de se jogar que é um pitéu, mas se se souber como o fazer, também se faz o pitéu!

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