
Este será a terceira e última parte desta saga. Podem (re)ver a Parte I aqui e a Parte II aqui.
“O mais difícil para um artista é criar a sua própria concepção e segui-la até ao fim, sem medo das críticas que tal atitude implica, e por mais hostis que elas possam ser. É muito mais fácil ser eclético e observar padrões rotineiros, tão abundantes no arsenal da nossa profissão: menos problemas para o directo, e mais simples para o público. No entanto, corre-se aqui o risco de um envolvimento do qual talvez o artista não mais consiga desenredar-se. A mais absoluta prova da genialidade que um artista pode dar é não desviar-se nunca da sua concepção, da sua ideia, do seu princípio, e de fazê-lo com tanta firmeza que nunca perca o controle sobre essa verdade, não renunciando a ela mesmo que isso lhe custe o prazer do seu trabalho.”
Tarkovski em “Esculpir o Tempo”
A derrota não nos deve mudar. A derrota, como qualquer experiência, faz-nos aprender, se atentos estivermos e formos capazes de perceber o que devemos fazer, para que, com a nossa ideia e os nossos jogadores, possamos encontrar as soluções para os problemas.
É sempre o mesmo: experienciar (bons momentos ou maus momentos), perceber o porquê de ter corrido bem ou mal e aprender com isso.
Trata-se de querer ganhar “a jogar assim” e se perder que seja “a jogar assim” e se empatar é “a jogar assim”…. Melhorar para “jogar melhor assim”. Felicidade é ganhar “a jogar assim”… uma coisa não existe sem a outra. Não, não nos serve de qualquer maneira. Mais uma vez, que não se confunda isto com teimosia, porque para ter uma identidade que pretende competir de forma consistente pelo controlo e domínio do jogo é necessário buscar aquilo que nos conduz à melhoria do que a nossa equipa faz dentro do campo, ajudando e orientando os nossos jogadores segundo princípios colectivos e individuais, “pormaiores” e pormenores.
Onde nascem os nossos valores? Crescem connosco, influenciados por uma cultura que nos cerca, por pessoas e/ou experiências mais particulares que nos possam ter marcado mais;
As intenções honestas estão super desvalorizadas na sociedade, as boas são sempre e só aquelas que têm sucesso e é precisamente pelo sucesso que somos sempre julgados. Melhorar é o sucesso de todos, triunfar será só o sucesso de alguns.
Concluindo, parece ser fundamental recordar aquilo que é a essência deste jogo e mais ainda a essência do processo de criação de algo eminentemente colectivo – criar uma Equipa. A cooperação entre os jogadores é o fundamental, isso irá sempre transcender qualquer virtuosismo individual, aliás é essa cooperação que propicia a criatividade (falo daquela que tem valor inequívoco). As relações/interacções entre os jogadores são o que mais deveremos presar e é precisamente por isto que a ideia do treinador e aquilo que ele acrescenta ao processo de aprendizagem são muito importantes, precisamente na medida em que aproxima cada um dos jogadores duma visão mais colectiva e por isso mais coerente com aquilo que os caracteriza e que deve ser sempre respeitado.
– Fim –
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