À espera da 2.ª vinda

Na cabeça de um adepto do Benfica, por estes dias, as coisas dividir-se-ão em níveis. E o jogo contra o Famalicão, desta quinta-feira, não seria, de todo, o nível mais preenchido por emoções carregadas. Ainda assim, não se enganem, as incidências do mesmo poderiam despertar o primal self de cada um dos encarnados que viu a sua equipa ficar a 8 pontos do, agora, mais que provável campeão nacional. Assim, a aceitação (ou o funeral, como quisermos) foi-se fazendo bem antes desta visita aos famalicenses, e isso poderá ter até criado um desapego que fez a equipa não andar aos trambolhões, ou pagar bilhete na montanha-russa que foram os últimos jogos de Bruno Lage ao comando da equipa. Porém, há hábitos que não se perdem facilmente, e mesmo com a ordem de juntar linhas e forçar menos o jogo partido da era Lage (que tão bons e maus resultados deu) o SL Benfica não conseguiu, pela enésima vez, segurar uma vantagem.

Este é, já o dissemos, um Benfica à prazo. Um Benfica à espera da 2.ª vinda de Jorge Jesus, o Senhor que catapultou os resultados medíocres (em comparação com o maior rival) e que criou aspectos positivos nos quais ainda hoje o Benfica se apoia. E se criou aspectos positivos que ainda perduram, também os negativos (que nunca foram evoluídos no Seixal) ainda por lá andam. Falamos de um sonho, ou se quisermos em castelhano, numa ilusión que em épocas de glória despedia treinadores por não ganharem a Taça dos Campeões Europeus. Jesus, com toda a positividade que imprimiu, reacendeu a ilusão, o desejo, de que o Benfica poderia não só deixar para trás o FC Porto dentro de portas, como poderia chegar de novo ao estatuto de preencher o vazio europeu deixado pela entrada do novo milénio (ou antes disso, até).

E esse é um fantasma que persegue os benfiquistas que não descansam enquanto a realidade não validar essa ideia de que o lugar do clube é ao lado dos tubarões da Europa. E se é assim ou não, não importará discutir, mas o que é certo é que essa é a ideia que nivela por baixo Rui Vitória, Bruno Lage e o próprio Jorge Jesus. A todos eles agradecerão pelas Ligas conquistadas, mas a todos eles lembrarão que as participações na Champions não foram do agrado do Tribunal, e que o objectivo de sossegar esse monstro encarnado não está conseguido. E isso poderia, ainda assim, ser atenuado por ganhar cada Liga que se disputasse e se criasse uma hegemonia à Olympiakos, ou à PSG. Objectivo que nesta época se vê, novamente, gorado por um FC Porto que, mesmo mais fraco que noutras épocas, nunca se deixa vergar ao ponto de entregar de bandeja algo que seja ao maior rival.

Tudo isto cria um rácio negativo na expectativa/realidade dos adeptos do SL Benfica que, por norma e por desejo, formalizaram uma hegemonia mental que reduziria os adversários a cinzas e onde as goleadas dizimariam também os maiores opositores, catapultando assim as águias na Europa. E quando hoje, nove de julho de 2020, um jogador do Benfica toca na bola com a possibilidade de ficar a ver o FC Porto ser, pela segunda vez em três anos, campeão, quando a Liga dos Campeões ficou novamente pela fase-de-grupos, e quando a Liga Europa se foi pela mesma fórmula, é óbvio que esse jogador carrega todo esse peso, toda essa tensão, toda a frustração que uma expectativa irreal e ilusória (a de que o Benfica tem de ser Rei e Senhor do futebol em Portugal e na Europa) e os acidentes acontecem.

Ao invés, bem mais fácil seria sossegar expectativas e não alimentá-las com discursos empolados, egocêntricos, que apontam a metas que poucos clubes europeus podem prometer. De nada adianta que um treinador, seja ele qual for, faça discurso e desejo de jogo-a-jogo, e a estrutura, volta e meia, garanta estar dez anos à frente ou ambicionar publicamente chegar a ser maior que o Real Madrid. Isto enquanto o maior rival, sem nunca se referir a tais desejos (salvo a excepção de Benni McCarthy que foi como uma profecia à entrada da época 2003/2004), nunca ninguém do FC Porto veio a terreiro bradar superioridade inequívoca sobre os rivais, ou garantir títulos europeus. E talvez pelo que, silenciosamente, foi conquistado pelos dragões, o FC Porto merecesse mais respeito e atenção do que alguém que ia, inevitavelmente, deitar a toalha e ficar a olhar para o Benfica.

Um género de sobranceria que, aí sim, encontrou paralelo a Norte quando se testou a teoria de que as estruturas se sobrepõem aos treinadores e que qualquer vassoura dá jogador e treinador. E só uns anos a seco fizeram voltar a ideia de que as coisas se complementam. Talvez por isso volte agora o Benfica à estaca 2009/2010 para tentar uma injeção de moral em tempos de aflição. E terá para isso, pelo menos, dois adversários gigantes: o FC Porto (ainda estamos para saber o que pode render o Sporting de Rúben Amorim) e a expectativa de que desta vez Jesus tem de colocar o clube onde os adeptos acham que ele deve estar. Dois adversários de peso, portanto.

Mais a mais porque olhando para este jogo em Vila Nova de Famalicão, e olhando para os jogos anteriores com Bruno Lage, passando por Rui Vitória e chegando à 1.ª vinda de JJ, a mesma crítica andará presente em qualquer etapa de montanha que o Benfica tenha que ter enfrentado. Falta de controle do jogo, recuo excessivo, muito protagonismo do adversário, meio-campo em dificuldades, erros na saída-de-bola. A isso juntem-lhe a qualidade dos plantéis a desvalorizar época após época e não precisam de adivinhar porque esta não foi uma crónica de dizer que ao minuto X o Benfica marcou, ao minuto Y sofreu o golo do empate, e pelo meio jogou em 442. Não. Esta não foi uma crónica dessas, porque o filme é o mesmo há várias épocas. Com Jesus, sem Jesus, com Seixal, sem Seixal. Talvez as coisas tenham o seu tempo. E talvez os adversários também joguem. E talvez as expectativas tenham que baixar para que os problemas não sejam sempre bons treinadores que não são milagreiros.

Famalicão-Benfica, 1-1 (Guga 84′; Pizzi 37′)

14 Comentários

  1. Se calhar o repetido gabar da direção que não era preciso vender e que o Benfica estava fortíssimo financeiramente criou a tal noção que devíamos ter 8 títulos seguidos. E se é verdade que a década passada foi um ataque a uma verdadeira hegemonia detida pelo Porto, nos últimos 10 anos está 5-5 em títulos, e só um deles foi ganho com enorme vantagem tanto no campo como nos números, no melhor Benfica do século e naquele em que muitos adeptos se apoiam quando dizem que merecemos melhor, 2013/2014.

    A mim custa-me a acreditar que o Benfica atual é o melhor que podemos fazer, quando nos primeiros 6 anos da década passada temos duas finais, uma meias, um quartos da Liga Europa e dois quartos da Champions, passamos para 6º no ranking e temos inúmeros embates onde jogámos cara a cara com colossos, perdendo ou ganhando, Juventus, Chelsea, Bayern, Barcelona, Atlético.

    Jesus tem defeitos mas é o único treinador dos últimos 25 anos que meteu a equipa a jogar bom futebol consistentemente, não durante alguns meses como Lage ou Vitória, e que também tapou muitos erros da construção do plantel que se calhar seriam mais criticados hoje. Quem se lembra quando o Benfica vendeu Witsel e Javi Garcia sem substituto? Não faz mal, JJ saca Matic e Enzo do nada formando o melhor meio campo do Benfica em muito tempo que nos levou a duas finais Europeias e devia ter terminado com a maldição (maldito sejas Felix Brych). Não há defesa esquerdo? Venha o extremo emprestado Coentrão. Luisao tem os seus melhores anos depois de fazer 30, Javi e Garay andavam perdidos na meia tabela da La Liga, Jardel custou 500 000 vindo do Olhanense e fez épocas de grande qualidade, Saviola estava enterrado no banco do Real, etc.

    Mas não era só JJ, quase que acabaram as contratações que sim podiam dar rendimento financeiro mas o mais importante era desportivo, Saviola, Javi, Garay, Artur, Júlio César, Witsel, entre outros. Claro que podem dizer que jogadores como Gabriel, Rafa, RDT, Weigl vieram com esse objetivo mas se calhar não há treinador com mãos para esse Ferrari, penso que JJ é mais de confiança nesse ponto, até pode colocar esses jogadores a render muito mais do que estão a render agora.

    Mas JJ saiu por um motivo, temos uma das melhores formações do mundo mas a transição para a equipa A não tem corrido bem para muitos jogadores, é culpa deles ou do treinador? De qualquer maneira é inegável que há muito talento dentro do Seixal, e se JJ viesse com a mentalidade de olhar com olhos de ver para esses jogadores então recebo-o de braços abertos.

    Pessoalmente, acho irreal querer lutar com a elite Europeia, é populismo quando Vieira o diz e adeptos que acham isso possível estão agarrados a outros tempos. Mas sei que temos capacidade para, no mínimo, ser competitivos contra equipas entre a primeira e segunda linha Europeia, se o Salzburgo fez o que fez contra o Liverpool e Nápoles, se o Olympiacos eliminou o Arsenal, porque é que nós não conseguimos lutar contra os Lyons, Zenits, Basileias, Shakhtars, Frankfurts(com todo o respeito por esses clubes)?

    É possível, com um treinador competente (seja Jesus ou outro), boa prospecção que nos trouxe tantos craques e sem nunca olhar de deixar para os diamantes que podem estar escondidos no Seixal, quem sabe se não voltarão a aparecer outros Renatos, Bernardos ou Cancelos que podem catapultar a qualidade da equipa para uma que, mesmo que perca, lute contra as melhores equipas Europeias e, consequentemente, seja mais forte cá dentro também.

    Se existe vontade ou competência no Benfica para isso? Não sei, mas sei que há recursos para tal. Boa noite e continuação de um excelente trabalho.

    • Sinceramente a esta distância começo a pensar na história dos jovens.

      Jorge Jesus verdadeiramente queimou um bom jogador jovem do Benfica. Bernardo Silva… É o único que eu vejo que esteve no plantel principal que efectivamente se tornou um jogador com uma carreira maior e de quem o Benfica poderia ter tirado rendimento desportivo. É sempre questionável se à data da venda o Benfica queria tapar outros jogadores com rendimento desportivo para evoluir Bernardo, tirar rendimento dele e depois maior ganho financeiro. André Gomes é um bom exemplo no sentido inverso.

      A aposta na formação não é um problema de Jesus, é um problema “global”. Os treinadores têm que ganhar hoje, a direcção tem que preparar o amanhã. O Sporting pagou caro em vários jogos este ano a aposta na formação, basta olhar para Max. Muito dos golos teriam sido evitados pelo outro GR do plantel… Os adeptos estão contentes, porque a época está “perdida”… Mas quero ver o que vai acontecer no início da próxima época quando o Max falhar uma abordagem que dê golo e o Sporting perca pontos por causa disso. Já se esqueceram do Patrício?

      Para além de Bernardo, agora a sério, que bons jogadores da formação o Jorge Jesus queimou?

      – Roderick Miranda?
      – Miguel Vítor?
      – Luís Martins?
      – Rúben Pinto?
      – David Simão?
      – Miguel Rosa?
      – Fábio Cardoso?
      – Hélder Costa?
      – Ivan Cavaleiro?

      Assim de cabeça são alguns nomes que lembro que na altura se acreditava que Jesus estava a queimar. Há a questão Bernardo (que andou sempre em planteis muito fortes). Guedes começou a jogar JJ, Nelson Oliveira teve mais do que espaço, André Gomes jogou bastante. Outro que teve “azar” foi Cancelo. Coincidiu com os melhores anos do Maxi Pereira e André Almeida pela polivalência acabaram por o tapar. Já agora, o André Almeida começou a jogar com Jesus no Benfica aos 20 anos, não? Depois temos o caso Renato Sanches, mas aos 16/17 não estavam à espera que ele fosse titularíssimo no meio campo do Benfica pois não?

      E depois há Oblak, GR titular do Benfica aos 20/21 anos. Coentrão, com 20 ou 21 anos. Jorge Jesus não tem nenhum problema com juventude, usa aqueles que acredita que poderão dar o melhor rendimento desportivo, não quer saber se é novo ou velho se é made in Seixal, quer ganhar e para isso precisa dos melhores e dos que melhor implementam o modelo em que acredita.

      Isto é um problema “político”, o Benfica compra jogadores às “pazadas” e depois quando pensava ter despachado o treinador para as arábias, vê-o chegar ao rival. Então toca a mudar o discurso, o treinador era anti estratégia, a estrutura do Benfica 10 anos à frente queria um Benfica campeão Europeu made in seixal. Nem campeão europeu mesmo dentro de portas campeonatos 3 em 6, contra um Porto em dificuldades financeiras… A estrutura viu-se não existia e a política também não. O treinador que antes impedia a implementação da visão do Benfica europeu made in seixal é agora o principal alvo e visto como único salvador.

      Para acabar, vamos falar do “próximo” Renato. Florentino está no banco e na bancada e o Benfica gastou 20 Milhões no Weigl, é claro que a culpa é de Jorge Jesus e este próximo Renato nunca terá espaço no Benfica.

      Agora, podemos voltar a ser honestos?

      • Percebo o que diz. Em muitos pontos tem razão. À lista deveriam ser adicionados outros nomes, no entanto: os Hortas, Danilo Pereira… E tenho algumas questões: Jorge Jesus em certa medida preteriu os jovens com escolhas de outros jogadores que dificilmente na B jogariam. Estou a lembrar-me de Filipe Menezes, Urreta, Jara, por exemplo. O que Lage e Vitória deram aos jovens foi uma aposta séria e sem receios. Com Jorge Jesus, Lindelof jogaria? Nelson Semedo, jogaria? Porque é que Cancelo não jogou mais? Porque é que o Bernardo não jogou mais? E atenção, Florentino teve oportunidades, foi titular muitos jogos seguidos. algo que com JJ seria à partida difícil de supor.

        • Até fui ver a “carreira” do Danilo Pereira (não tinha ideia quando saiu do Benfica).
          Saiu do Benfica para o Parma a meio da primeira época do JJ, em idade júnior. Assumindo que pisava os mesmos terrenos, na equipa principal havia: Javi Garcia (23 anos), Airton (20 anos) e Rúben Amorim (25 anos). Penso que nesta altura ainda não havia equipa B.

          Não me recordo bem de Airton, mas penso ter sido competente como suplente e com possível margem de progressão, dada a idade, Amorim fazia outras posições. Em meia época (em que Javi Garcia apresentou muita qualidade) não me pareceu haver necessidade de “fazer subir” Danilo, especialmente quando lhe iam tirar competição (afinal estava a jogar nos Juniores). Novamente quem contratou Javi e Airton foi a direcção, não foi propriamente o treinador que preteriu o Danilo.

          Ricardo Horta saiu aos 17 anos do Benfica. Na equipa dele estavam: Bernardo, Sancidino Silva (à data apontado por muitos como futura “estrela”) ou Hélder Costa. André Horta veio do Setúbal no primeiro ano de Rui Vitória e passada meia época foi para Braga… Não culpe o Jesus desse também! 🙂

          Aos 17 anos saiu também Rony Lopes, por exemplo. Com estas idades só as estruturas podem aguentar os jogadores. Claro que Jesus não ajudou, com a afirmação famosa do “nascer 7 vezes”, tem um sentido claro (jogar futebol não é só saber dar uns toques, vejam as declarações do Ruben Amorim sobre o Joelson e a necessidade de perceber o que é futebol sénior), mas como é habitual em Jesus não era para dizer daquela forma.

          Tenho ideia de tanto Filipe Menezes e Jara serem “mauzinhos”. Urreta ficou-me na memória num jogo contra o Porto na Luz, em que “partiu” a defesa do Porto, sinceramente acho que foi aposta a menos. Mas repare, a minha questão é a mesma: tirando Bernardo, que já à data apresentava muita classe, haviam outros? Sendo ainda mais mauzinho, com aposta 0 de Jesus em equipas melhores que o Benfica, vindos da formação eu só vejo Bernardo e Cancelo. Renato pela idade que tinha na última época de Jesus no Benfica não o posso considerar como não aposta.

          Não posso fazer futurologia, ou dizer se Jesus apostaria, posso dar a minha opinião.

          Sem Maxi, vejo Jesus a apostar em Nélson Semedo, ofensivamente tinha a capacidade e habilidade e já sabemos que para JJ defender é algo que se aprende e que ele ensina (veja-se Melgarejo). Lindelof acredito que também jogaria tinha qualidade – tal como Oblak.

          Florentino já tenho dúvidas. A posição 6 para JJ parece ter que cumprir alguns requisitos físicos que Florentino não cumpre. Embora, passada larga e grande raio de acção são coisas que o mister gosta num 6. Mas o meu ponto de vista era outro, não interessa que JJ o quisesse meter a jogar se ele fosse treinador do Benfica, era Weigl que jogaria (tenho a certeza). E essa escolha é apenas possível porque a direcção não acreditou no “tino” e acho que este é o ponto chave do Benfica made in Seixal, quando há potencial continua-se a tapar o espaço para crescer.

          Cumprimentos a todos,

      • O Bernardo e o Cancelo foram os piores casos, o primeiro podia muito bem ter sido a alternativa no meio ou na direita mas JJ preferiu Sulejmani. No caso do Cancelo, era talentoso o suficiente para relegar o Almeida para 3ª opção ou até para fora do clube mas nunca teve uma oportunidade, tirando isso até estreou o Guedes com 17 anos e o André Gomes teve muitos minutos.

        O que nunca vamos saber a 100% é porque saiu do Benfica, todas as notícias falam que LFV queria um novo ciclo de apostar mais no Seixal e que JJ recusou, ou então LFV simplesmente queria alguém novo para começar esse ciclo e não achava que JJ era o homem para tal. Agora se o ciclo é apostar em jovens só porque são do Seixal porque assim não tem de gastar milhões para os trazer logo rendem mais financeiramente não sei, mas ás vezes parece.

        É difícil encontrar o equilíbrio entre formação e reforço externo mantendo o sucesso, mesmo a que equipa que o faz melhor que é o Ajax tem tido problemas, no Benfica há a aposta excessiva em jovens com pouco/mau reforço externo que leva ao estado do plantel atual. Também não ajuda quando andamos a brincar aos treinadores, RV e Lage nunca fariam com Matic, Enzo e Coentrão o que JJ fez que tornou possível os melhores anos do Benfica este século.

        Falar num Benfica campeão Europeu é populismo e falar num made in Seixal ainda é pior, mas nos últimos 6 anos saíram Bernardo, Cancelo, André Gomes, Semedo, Guedes, Renato, Félix, Ederson, Lindelof, pouco ou nenhum clube pode gabar-se de ter esta qualidade a sair da formação a este ritmo. E sei que vão continuar a sair, mas têm de ser suportados por um treinador competente que acredite neles, que os potencie e que entrem ao ritmo que precisam, e isso não tem acontecido. Se são um Renato ou Félix vão ser capazes de agarrar um lugar no 11 muito rápido, se não têm de ir entrando aos poucos.

        Precisamos de alguém que olhe para o Félix e perceba que um jogador destes tem de jogar imediatamente mas também que olhe para o Tomás Tavares e perceba que está muito verde logo é preciso reforçar a posição. Se JJ é essa pessoa? Quero acreditar que sim, se vier com a mentalidade de olhar para o Seixal a sério então é a melhor pessoa para o trabalho porque ninguém potenciou melhor jogadores no Benfica que ele em muito tempo.

      • Oh Atento tente mazé ser “honesto” num sítio que estou a pensar… Típica argumentação de quem pretende escamotear a realidade dos factos e ainda por cima atira-se por cima da opinião alheia como se tivesse a única forma de olhar para o assunto.

        Não há ninguém no mundo que seja capaz de dizer que o JJ é um mau treinador (mas tem defeitos, como é óbvio, e dos graves), assim como não há ninguém que possa dizer que o homem tem paciência para olharm identificar potencial e trabalhar com os mais jovens. Não adianta colocar aqui uma lista de jovens potenciados pelo JJ, certamente porque há uma longa lista de proscritos que se tornaram grandes jogadores. Recorde que numa altura em que o clube onde ele trabalhava investia recursos, tempo e ideias na formação, ele teve a lata de afirmar publicamente que os jovens do clube teriam de nascer dez vezes para chegar à equipa principal. Isto para uma geração onde pontificavam Lindelof, Semedo, Bernardo Silva e outros! Se calhar foi nesta frase que ele começou a cavar a saída do Benfica, não é…

        Se o André Almeida começou a jogar (pouco, diga-se) com a idade que referiu, jogadores como Lindelof (fez um único jogo e a lateral direito em seis anos de JJ no clube!), Bernardo, Nélson Semedo não contavam nem para fazer parte do plantel. Nem para fazer parte do plantel, sublinho, entende ou é preciso fazer um desenho?

        Paralelamente, o mesmo treinador deu centenas ou milhares de minutos a jogadores como Emerson (com o Capdevila no plantel!!!), Cortez, Sulejmani (o Bernardo não jogava naquela altura mais do que este coxo?, que ainda por cima está sempre lesionado?), Ola John (pois era muito jovem mas como o guru é que o “descobriu” rapidamente foi aposta em toda a linha e custou 9 milhões – onde está agora?), o Steven Vitória era melhor do que o Lindelof em quê, posso saber? O Ristovski, mudando de clube, é ou era melhor em quê do que o Esgaio, por exemplo? O Alan Ruiz joga mais do que o Gelson Dala, por exemplo, só para vermos o péssimo nível do argentino? Claro que nos vai falar do Gelson, onde anda o Gelson neste momento? O Cancelo também não servia e onde é que ele anda hoje em dia e quanto é que poderia ter evoluído se tivesse aprendido a defender com o JJ? Lembra-se o que aconteceu com o Markovic, por exemplo, que nem é da formação mas como foi adquirido pelo clube com base numa opinião dos observadores esteve com os dois pés na B. Enfim, o rol de exemplos claros e objectivos é longo, não é curto não.

        Por estas e por outras razões considero que o regresso do JJ ao Benfica é uma decisão indefensável, que não faz qualquer sentido e que representa desfazer tudo o que se aplicou nos últimos quatro anos. Só que outros valores se levantam, infelizmente. O Benfica continua a abordar os treinadores, exceptuando o Lage (não era para ser mas a bola na rede falou mais alto), consoante a forma e não o conteúdo.

        Portanto, não lhe vou chamar de desonesto porque isso seria descer ao seu nível, coisa que também posso fazer mas não me apetece, mas no mínimo a sua explanação é parcial.

  2. Gostei do jogo do Benfica! Jogou com uma excelente equipa e portanto foi difícil controlar os noventa minutos, mas até à entrada do Rafa e do Samaris os sinais foram positivos. A equipa manteve alguma agressividade a defender e a concentração, mas o Rafa recupera sempre a passo…tivemos muitas bolas na pequena área e foi pelo menos um jogo sem aqueles cruzamentos estúpidos!

  3. Percebo o que o autor do texto diz sobre “expectativas elevadas” mas, se olharmos à Europa do futebol, onde existe um clube com a hegemonia da influencia social que o Benfica tem, sucede-se uma hegemonia de títulos que a acompanha. Não é uma casualidade. Uma coisa decorre da outra. E juntas alimentam a hegemonia financeira que deve possibilitar a construção dos tais planteis de qualidade, necessários para dar correspondência às vontades dos adeptos.

    O que custa aos benfiquistas é a dissonância entre o discurso oficial, que gosta de vangloriar do sucesso financeiro, da aposta na formação da “melhor academia do mundo”, mas que depois não tem correspondência em campo, na rendimento desses talentos. O que custa é que se vendam Renatos, Semedos e Félix’s sem que se perceba uma linha de condutora na substituição desses talentos. Como se houvesse uma “fé” que o divino irá providenciar solução.

    Por isso tem o Benfica o plantel que tem. Não acho que seja tão mau como esta “nova normalidade” parece aparentar, nem tão bom como a primeira metade da época pintou. Mas é profundamente desequilibrado, e onde combinam jogadores em final de carreira e jovens a iniciar, expondo ambos às limitações de cada um; onde há posições com 3 jogadores iguais/semelhantes e outras sem alternativas viáveis.

    Isso não é responsabilidade dos adeptos. Os adeptos vêm futebol desde sempre e só querem ver a sua equipa lutar, ganhar e ser competente. A responsabilidade por isso é de tal “estrutura” que iria garantir a estabilidade desportiva no clube e o seu crescimento. Na prática assistimos a uma espécie de politica de “Downsizing” desportivo.

    Como sempre nestes cenários de desinvestimento, as coisas rolam até não rolarem mais. O pingo que transborda o copo pode ser sempre o próximo, mas nunca é evidente até ao momento em que acontece. No inicio do ano de 2020, parecia ser o FC Porto a passar por esse caos. Sergio Conceição colocou o lugar à disposição e a equipa parecia estar resignada à defesa do 2º lugar. Num ultimo assomo de orgulho ganhou ao Benfica e agarrou-se à sua maior vantagem competitiva – a superioridade psicológica que mantém sobre o Benfica. Tal como na época passada o jogo no Dragão permitiu ao Benfica ultrapassar essa barreira, agora foi o muro onde foi embater de frente com a realidade. As duvidas aí lançadas e alimentadas pela derrota com o Braga lançaram o Benfica (personalizado em Bruno Lage) a duvidar de si mesmo. A certeza e assertividade que demonstrou quando pegou na equipa foram substituídas por dúvidas e um medo de falhar que colocou a equipa mais próxima do erro.

    Nessa altura, o caos. É o que se vive hoje no Benfica. Um caos no projecto, na direcção (que é assumida por alguém que diz – e com razão – que “não percebe de futebol”), na vertente desportiva. E como sempre, quando estamos perdidos, agarramo-nos ao que no passado nos deu segurança. Jorge Jesus é essa boia de salvação.

    Numa altura em que tudo está em causa, seja o plantel, o treinador, a direcção, em que ninguém consegue criar unanimidade em torno do que é sólido para construir de novo as fundações de um novo Benfica, sofrem os jogadores e equipa técnica, parte mais precária de todo este processo. Soçobra o futebol jogado e a espiral alimenta-se a si própria.

    Nada disto é, objectivamente, culpa dos adeptos que nem podem ajudar a equipa no campo, com o seu apoio de fora. As exigências continuaram lá. Ninguém exigiu a Rui Vitória que elimina-se o Bayern em 2016. Ninguém exigiu a Bruno Lage que vencesse a Liga Europa em 2019. Só se pede que, perante as condições que quem manda diz disponibilizar, garantam competitividade, empenho e competência. Os adeptos exigem que o treinador tenha condições para trabalhar e trabalhe com condições, porque sabem que isso é meio caminho andado para continuar a ganhar, como sempre foi feito na história do clube. Nem mais, nem menos.

    A ambição é a mesma hoje. Quando o futebol europeu começou a ser realidade, no pós-guerra, ninguém diria que o Benfica poderia um dia ser campeão europeu e competir de forma regular. Era mais fácil nesse tempo que hoje? talvez. Mas era igualmente distante na cabeça de muitos. Foi com ambição, trabalho e competência que lá se chegou. Só se pede o mesmo hoje, porque enquanto se for trabalhando assim para chegar mais longe lá fora, estará sempre mais perto de ganhar cá dentro.

    • Eu não concordo que tudo esteja um caos. É uma época com maus resultados desportivos, mas nada mudou de significativo nos últimos anos. Lage teria ficado se tivesse apresentado melhorias a partir de Fevereiro, e estaríamos aqui a discutir a próxima época calmamente, mesmo que não tivéssemos sido campeões.

      Isto é futebol: em Janeiro estávamos todos a falar da deficiente estrutura do Porto e de um treinador que tinha falado precisamente contra ela mesma (a “falta de união” – alguém se lembra disto?). Até Janeiro tinha o Benfica amealhado muitos pontos sem antever uma quebra tão grande. Até Janeiro a nossa preocupação era porque é que RDT não marcava, e não porque é que Ferro e Tavares falhavam tanto. Quero com isto explicar que é possível relativizar um pouco esta época: houve carências em alguns lugares, mas creio que com um treinador mais capaz se pudesse ter feito melhor em termos de qualidade de jogo. Mais: houve jogos em que a grande diferença foi a experiência a defender. O Benfica contra o Marítimo, no Funchal, falhou 3 golos nos primeiros dez minutos; o Porto, no Dragão, contra a mesma equipa, marcou de chouriço. Acontece. Depois de ver o jogo como o de ontem, em Famalicão, em que os jogadores mostraram muita mais disposição a cobrir espaços e a reagir à perda, algo me diz que o relacionamento com o Bruno Lage se deteriorou muito…

      Nas últimas épocas o Benfica tem sido coerente com a tal aposta na formação, mas é evidente que vai engolir o sapo. É impossível segurar Semedos, Renatos e Félixs, miúdos que aos 19 ou 20 anos têm logo os colossos em cima deles. É irrealista. O Benfica só conseguirá segurar os muito bons e os bons. E com eles, nunca será um campeão hegemónico. Da mesma forma, e do outro lado, veja-se o que aconteceu no Porto: uma excelente fornada da formação que não é titular. Eu acho que o Nuno Tavares pode ser um bom jogador, mas não gosto de o ver crescer sobre espinhos. Crescer como o Tomás Esteves poderá ser uma formato mais ajuízado.

      Dito isto, quero ressalvar: foi uma má época, mas impressiona-me que tanto seja posto em causa. Deveria ter havido melhores contratações, houve um ou outro flop (RdT é o mais gritante, mas não houve um quarto central indiscutível, não houve opções nas laterais), e um treinador porventura mais exigente poria o Rafa, o Pizzi, o Gabriel, o Ferro e outros no banco mais cedo, nem que fosse para recuperar a forma.

      Não sei se Jesus virá. Há anos que é o melhor treinador português, ou pelo menos o mais completo – mas será que ele quer ser treinador de miúdos novos, sem calo, e sem recursos técnicos como as estrelas internacionais de outrora? Gostava de ver Jardim. Não gostava de ver Marco Silva. Quero ver futebol. Acho que o Veríssimo vai ter futuro.

      • O Caos existe, porque nenhum de nós tem clara noção do caminho a seguir:

        Manter o rumo da aposta no seixal? então para quê Jesus, se foi por isso que saiu?

        Aposta na formação mas jogadores que se destacaram o ano passado deixam de jogar (Florentino, Gedson) e outros nem são aposta consistente (Jota, Dantas)…?

        No meio disto tudo contrata-se jogadores que entram e saiem (RDT, como foi Ferreyra e Castillo), outros perpetuam-se sem demonstrar qualidade (Seferovic), e a equipa continua a ser construída em cima da mesma base (Pizzi, André Almeida, Rafa, Grimaldo, Ruben Dias) há 3 anos.

        Não há uma ideia clara do que se pretende de cada jogador na construção do plantel, nem do espaço que cada um ocupa no referido plantel. Weigl, Taarabt, Gabriel, Samaris e Florentino lutam por duas posições; Seferovic, Vinicius e Dyego Sousa lutam por um lugar; Na posição de apoio ao ponta de lança só há Chiquinho, mas nas alas Cervi, Rafa, Pizzi, Zivkovic e Jota “lutam” por 2 lugares. Na defesa há 4 titulares e 2 miudos vindos da B na primeira temporada sénior e um veterano com problemas de lesões…

        O desequilíbrio é o que fica. Um desequilíbrio no plantel e nas opções que depois se manifesta no jogo. Quando as coisas correm bem (a bola entra), ninguém nota. Ganhamos, seguimos em frente. O problema é quando a bola não colabora. Foi o que se viu nestes jogos. Com sorte o Benfica podia ter ganho os jogos todos desde a retoma. Mas a sorte conquista-se. É preciso lutar por ela. E o talento é muito útil nessa luta, tal como a organização, a confiança e a frescura mental.

        Quando o talento fica orfão das restantes vertentes, ficamos reféns da fortuna. Foi o que aconteceu ao Benfica.

        • Bom, eu referia-me ao que o senhor escreveu neste parágrafo:
          “Nessa altura, o caos. É o que se vive hoje no Benfica. Um caos no projecto, na direcção (que é assumida por alguém que diz – e com razão – que “não percebe de futebol”), na vertente desportiva. E como sempre, quando estamos perdidos, agarramo-nos ao que no passado nos deu segurança. Jorge Jesus é essa boia de salvação.”

          E tentei relativizar esse suposto caos, que é em grande parte criado pela maneira jornalística de ver o futebol. É que o futebol, em Portugal, não precisa só de um campeão: precisa de grandes manchetes com derrotados, escândalos e se possível chateações da grossa! Passado o momento queirosiano, e mais a sério: acho que os seus argumentos têm contra-respostas em detalhes técnicos. Florentino foi opção, e Gedson, como se sabe, saiu para uma proposta melhor. A base de recrutamento da equipa tem sido a equipa B e jovens.

          Talvez na posição do Chiquinho pudesse ter havido mais opções. Eu mesmo, neste blog, defendi que o Pizzi deveria ser testado no meio. Rafa tem entrado para jogar nas costas do ponta-de-lança. Simplesmente não se conseguiu tirar rendimento, atempadamente, dessas soluções. Mas até consigo concordar que poderia ter havido mais soluções. O meu ponto é que essa construção, ou essas falhas, não são novas, e não demonstram nenhuma teoria do caos…

          Está criado um clima duro, mas as pessoas esquecem-se que no Porto foi a mesmíssima coisa. Alguém se lembra da saída do Estádio dos Arcos?

  4. A ideia de que o Benfica tem de ganhar sempre em Portugal não é irreal. Decorre simplesmente da disponibilidade de recursos que tem, face à indisponibilidade do único adversário minimamente capaz de lhe fazer frente.

    Daí se retira que a má gestão desses recursos / falta de ambição / orientação para o sucesso desportivo desta direcção sejam postos em causa.

    Tão simples quanto isto – se temos muito mais recursos, há que aplicá-los e ganhar com relativa facilidade a quem não os tem. Até este plantel teve 7 pontos de avanço para os cepos que vão ser campeões.

  5. Envio o meu comentário com o propósito de informar o Sr. Laudrup que não existe nenhum fantasma, e muito menos uma “ilusão” nos adeptos benfiquistas sobre a possibilidade de ganhar na Europa.
    É ainda menos factual de que tenha sido JJ a reacender esse propósito na mente dos adeptos.
    O Benfica tem uma história comum com a Europa do futebol (desde que a Europa do futebol existe). Isso está documentado e espelhado em diferentes museus, e essa ambição faz parte do adn do adepto. Alguns puderam vivê-la mais intensamente que outros, mas TODOS a viveram. Tendo muitas vezes o Clube menos abundância recursos do que os que tem à disposição neste momento.
    É surpreendente o artigo do Sr. Laudrup nesta matéria, talvez com a pretensão de reduzir as pretensões e pergaminhos do Clube, mas que verdadeiramente revelam a ignorância pela história construída em 70 anos de futebol Europeu.

  6. Concordo com a tese de que o plantel não foi construído de forma a acautelar o excesso de juventude. Particularmente na defesa, era necessário alguém para discutir a titularidade com Grimaldo (p.e. um lateral com características defensivas superiores, o que nem será assim tão difícil de encontrar face às características do espanhol) e um central de grande nível para titular. Tomás Tavares acho que serviu muito bem na direita para o lugar de Almeida.
    Do ponto de vista do potencial de qualidade individual, os jovens do Benfica que estão na equipa A (Tomás Tavares, Rúben Dias, Ferro, Nuno Tavares, Florentino e Jota) têm bastantes qualidades e praticamente todos têm/terão nível alto para o contexto nacional e muitos darão o salto para um nível internacional superior. Contudo, penso que fruto da sua juventude, não foram capazes de se superar (i.e. não só aguentarem a pressão, mas alimentarem-se dela para ficarem mais fortes) num contexto de grandes adversidades (a pressão dos resultados negativos, do balneário empobrecido com falta de referências, dos media, dos adeptos, dos fanáticos que atacam autocarros e casas dos jogadores, da incerteza da pandemia, etc.). Mas esta situação nos jovens é perfeitamente normal. Esperar melhor é julgar a norma pelas exceções. Há, contudo, casos excecionais: João Félix emergiu num Benfica que estava em situação de pressão semelhante, longe do primeiro lugar e com novo treinador. Mas havia um aspeto altamente diferenciador na sua atitude, que era a vontade de assumir o jogo. Ele entrava e pedia a bola a um Fejsa, por exemplo, e se o veterano não lhe passasse a bola, ele gesticulava em desagrado. Esta atitude, que num balneário é facilmente considerado de prepotência, é arriscada. É socialmente mais correto e comum um jovem andar na sombra, a aguardar pela sua oportunidade. O problema é que isso pode arrastar a exigência interna para baixo. É necessário um balneário maduro para aceitar um Félix sem medos e dar-lhe suporte, bem como para pegar num Ferro e ter um central internacional brasileiro a dar-lhe confiança e a rever aspetos de detalhe com ele, por exemplo. Melhor ainda se também tiver um Guarda-redes também internacional brasileiro a dar-lhe mais dicas. O Benfica perdeu no espaço de meses grandes referências internas a nível de maturidade com vários anos na Luz e craveira internacional (Luisão, Jonas, Júlio César, Fejsa e Salvio). É pegar no post do “Impacto da Fadiga Mental” do Zidane cá no site e perceber que tudo isto interfere no rendimento. Para além do trabalho de mentoria que podem fazer, chamando quando necessário à terra os jovens mais provocadores sem os ostracizar e puxando para cima os outros jovens que se vêem perante uma super pressão de jogar na equipa A do Benfica, e que cada erro é dissecado nos media.
    Aqui a Direção falhou rotundamente. A gestão da crise é também ela polvilhada com um comunicação pobre, em particular do Presidente. Quanto mais fala pior é. E mesmo quando não fala é de uma falta de coerência brutal (entra no aeroporto para a Madeira à frente de Lage, a dar o peito pelo treinador, mas horas depois não é capaz de dizer que o segura até ao fim da época porque o erro de planificação da época não é individual do treinador). Mas isso é só a minha opinião. 17 anos de presidência atestam que é disto que os benfiquistas gostam. O treinador é sempre o bode expiatório destas situações, mais ninguém é responsável. Talvez por esta exigência ser tão grande nos treinadores seja o que faz dos treinadores portugueses dos melhores, senão os melhores, do mundo.

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