![image](https://i0.wp.com/www.lateralesquerdo.com/wp-content/uploads/2021/02/image-3.jpeg?resize=678%2C381&ssl=1)
O jogo de futebol é composto por vários momentos. Uma equipa pode, no mesmo jogo revelar grande qualidade a ultrapassar pressão alta adversária e, ao mesmo, tempo somar decisões questionáveis quando chega ao meio-campo ofensivo em vantagem, como pode ter muitas soluções perto da baliza contrária mas ser incapaz de chegar às zonas de definição em condições. Na quinta-feira, o Arsenal na primeira parte pertenceu quase ao primeiro grupo. O brilhantismo demonstrado a espaços na primeira fase de construção, é inversamente proporcional à incapacidade de aproveitar o espaço daí resultante
A construção e a táctica do quadrado
Na conferência de imprensa, Jorge Jesus deixou a ideia que utilizaria 3 centrais. Ficava por esclarecer uma das grandes incógnitas tácticas: sabendo que os laterais do Arsenal começam baixos na construção e os extremos abertos à profundidade, quem iria saltar à pressão quando a bola entrasse nos laterais e como reajustariam os colegas.
A resposta de JJ foi relativamente original. Ao contrário do que foi ideia geral não se limitou a encaixar peças na distribuição gunner. É verdade que Luca e Darwin fizeram uma primeira linha de pressão e Taarabt e Pizzi encaixaram em Ceballos e Xhaka, médios adversários mais recuados, formando por isso um quadrado. Mas a grande surpresa foi quem saiu na pressão aos laterais livres, nomeadamente Cedric à esquerda. Maioritariamente Pizzi abandonava o corredor central para pressionar o internacional português. Diogo Gonçalves ficava fixado na linha defensiva por Smith Rowe, extremo inglês.
Em zonas mais recuadas através de Leno ou do central (Darwin pressionava frontalmente), o Arsenal foi capaz de encontrar Cedric, Pizzi saia à pressão mas havia espaço nas suas costas para jogar, potenciado pela paciência e conforto inglês a circular atrás. Com efeito, Ceballos e Xhaka podiam juntar-se à linha dos centrais, baixando e atraindo os médios encarnados, portanto Pizzi ia pressionar fora e Taarabt estava adiantado para proteger meio.
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-7RjfFuBlXWw/YDE8BlvxvRI/AAAAAAAABjI/o3m7V3OZKuUFzt2m07fExtOugrhCbFHHQCLcBGAsYHQ/w640-h360/1364%2Bmodificada.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-AIme_mH8otI/YDE8Bs3IDkI/AAAAAAAABjM/BAFDGZlJyIkb6kq-dP8OQOjTE5LVZ8H0ACLcBGAsYHQ/w640-h360/1365%2Bmodificada.png?ssl=1)
O Arsenal encontrou várias maneiras de ultrapassar a pressão encarnada foi a colocação de Xhaka aberto à esquerda na linha dos centrais. Aí era Pizzi quem saltava à pressão mas Cedric ficava sozinho e com espaço para conduzir com bola, uma vez que, Smith Rowe continuava aberto e profundo a fixar Diogo Gonçalves. Os gunners chegavam assim tranquilamente e em boas condições ao meio-campo ofensivo.
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-cLO1scJxPMk/YDE9X8ZmC0I/AAAAAAAABjY/Vm3I68QQReMtCtcXp9EnrI_m0nYux2XpgCLcBGAsYHQ/w640-h360/1367%2Bmodificado.png?ssl=1)
Ao longo do jogo, e em vários momentos o Arsenal foi capaz de atrair a equipa do Benfica a zonas específicas para aproveitar outras deixadas livres. Ainda que Grimaldo saltasse mais na pressão ao lateral houve momentos de indefinição. No lance abaixo, os ingleses tentam explorar o seu corredor esquerdo, não conseguem mas mobilizam a pressão encarnada, com Smith Rowe a ir no espaço interior, já que, Diogo Gonçalves está mais adiantado a condicionar Cedric. Bola regressa a Leno que atrai Darwin e Ceballos baixa para a grande área trazendo Taarabt. O espanhol joga no homem livre que é, novamente, o lateral mas desta vez do lado esquerdo. Grimaldo chega tarde para pressionar e Bellarin tabela com Saka. Com Taarabt longe, há espaço interior onde Bellarin conduz bola
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/--39v1Rk-Y8I/YDE_KPIP6KI/AAAAAAAABjs/jfwlE-58RSwZU35GtjunkSkpyI7XfJ1HwCLcBGAsYHQ/w640-h360/1369%2Bmodificada.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-HkxomSUOfjM/YDE_KG6YpmI/AAAAAAAABjk/iNSP1AxbTlYQiDRmZ1gN8gj6JPLcDOTVwCLcBGAsYHQ/w640-h360/1370%2Bmodificada.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-urqv9GzkQOA/YDFBCCp8yiI/AAAAAAAABj8/To4a4t0ZTHkRkg4PgWsbDfkXfDYexAsnQCLcBGAsYHQ/w640-h360/1371%2Bmodificada.png?ssl=1)
Nesta fase, primeiros 25 minutos, em que o Arsenal conseguiu sistematicamente bater a pressão do Benfica as consequências não foram piores para os encarnados porque como já foi referido atrás com espaço e excelentes condições a decisão de quem tinha bola foi muito questionável. Foi clara a intenção de Arteta em colocar alguém na ruptura de fora para dentro entre central e ala quando a bola estava à largura. No entanto, esse passe surgiu na 1ª parte, regra geral, ou demasiado cedo quando o central encarnado estava próximo na cobertura e tinha tempo para controlar movimento e não deixar enquadrar ou quando soluções ao meio por dentro do bloco, ou até mesmo por trás eram mais viáveis. Faltou critério e paciência e essencialmente equacionar outro corredor que não o da bola. Odegaard foi o mais prejudicado pois foi quem estava livre para receber em circunstânicas favoráveis.
Portanto, o Arsenal foi incapaz de travar a circulação no último terço e instalar-se no meio-campo do Benfica, o que levou naturalmente a que a bola regressasse mais rapidamente à sua primeira fase de construção
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-JAIQbZjNHko/YDFCxp62CYI/AAAAAAAABkM/EC2vJxBWWY8m3kszWONmUKhEAinRnad9wCLcBGAsYHQ/w640-h360/1366%2Bmodificada.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-7W3_nh1bKd4/YDFCxjDJlYI/AAAAAAAABkI/h5phGIv222EsHMxNiYLlaKkQ8gmxhmBHQCLcBGAsYHQ/w640-h360/1368%2Bmodificada.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-weofXzjok7c/YDFDEcOBpoI/AAAAAAAABkY/UeVK1QLsvhcQ0DdxavckV94lGQUrIyOcwCLcBGAsYHQ/w640-h360/1372%2Bmodificada.png?ssl=1)
Após este assalto inicial o Arsenal deixou de ser tão forte na construção por dois motivos: o Benfica subiu os alas, nomeadamente Grimaldo, encaixando agora sim na estrutura adversária e os ingleses também deixaram de ser tão pacientes a circular bola atrás. Por vezes, Cedric continuava livre mas durante menos tempo e o discernimento não foi o maior.
A solução inglesa passou por procurar Aubameyang ou Smith Rowe na profundidade. No caso do gabonês era Otamendi quem disputava em situação de 1×1 sem coberturas propriamente perto, nas duas ocasiões o duelo foi ganho pelo argentino. Ao adiantamento dos alas, havia a parelha Xhaka-Ceballos com Pizzi-Taarabt, Lucas acompanhava Smith e Vertonghen e Saka no espaço inteiror. Sobrava o 1×1 na profundidade.
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-wsqx4TF8w8M/YDFFKPzMGXI/AAAAAAAABks/ZaKWEJkvLWcq2qoEv7f3GhtmIPBbNQurACLcBGAsYHQ/w640-h360/1377%2Bmodificado.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-oJImRMsoCdI/YDFFKAENr0I/AAAAAAAABko/9sDj5Uz-YeETXyYIVn2E77krhBxcmqV-wCLcBGAsYHQ/w640-h360/1378%2Bmodificada.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-yPl1U2Doycs/YDFFJ81T8sI/AAAAAAAABkk/-FSnZUkmwoke-t9V61YP9bu2294c2NecQCLcBGAsYHQ/w640-h360/1379%2Bmodificado.png?ssl=1)
As correções na 2ª parteO Arsenal na 2ª parte apareceu mais consistente no meio-campo ofensivo, fizeram por ter a bola nessa zona mais tempo, e o Benfica foi obrigado a baixar. As rupturas nas costas dos alas continuaram mas quem tinha bola à largura agora nem sempre fazia o passe (boa decisão a discernir se era o momento certo) e se o portador ficava com bola equacionava a mudança de corredor por dentro do bloco adversário, ou seja, para o espaço entre linhas, caso não fosse possível a circulação travava e voltava atrás. Os gunners tiveram posses mais longas, Xhaka e Ceballos, numa fase inicial, ajudaram centrais na construção sempre a tentar ganhar as costas dos dois jogadores da frente do Benfica. Acto contínuo os alas também apareceram entre linhas para receber no quadrado feito entre central-lateral-ala-médio. Enquanto o Benfica não não adoptou posicionamentos mais conservadores, o Arsenal conseguiu chegar com perigo ao último terço, aproveitando as rupturas que empurravam a linha de 5 para trás permitindo a quem estava de frente espaço para definir como no lance abaixo
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-dd0-vnaIORw/YDFe8FljpfI/AAAAAAAABlM/zgYcrrGwhkc7cX1BCqIz4lDHiYG5n3tCACLcBGAsYHQ/w640-h360/1380%2Bmodificado.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-Er6jevVOvS8/YDFe8FtfqfI/AAAAAAAABlE/_c04nM1UjnwkJNyzYNsH2jH4J8Wv-MZmQCLcBGAsYHQ/w640-h360/1381%2Bmodificado.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-gTWWO_dqbJs/YDFe8J5tWZI/AAAAAAAABlA/77sgNItfe1EgZf8DASVFRf26S1OLVBREgCLcBGAsYHQ/w640-h360/1382%2Bmodificada.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-aCJDsVbaSJM/YDFe8skPekI/AAAAAAAABlI/sv_aIAwUVbgai0MxkSXBae5xos8KMHvIwCLcBGAsYHQ/w640-h360/1383%2Bmodificada.png?ssl=1)
Durante a fase inicial da 2ª parte e quando Pizzi voltava a sair a Xhaka, por vezes, Diogo Gonçalves saltou a Cedric, criando muito espaço para a sua linha defensiva que ficava baixa (mérito também para Aubameyang) abrindo condições à entrada da bola em Smith Rowe a largura. Mas desta vez, não forçou e ligou com o avançado gabonês por dentro só com a linha defensiva pela frente
E aqui entra o factor Odegaard. O jovem norueguês, pese embora a idade, é no futebol europeu um dos melhores a fazer os passes em ruptura para as costas da defesa. O Arsenal nem sempre se mostrou preparado para lidar com o facto de o Benfica não baixar em alguns momentos e jogar com o fora-de-jogo mas Odegaard na 2ª parte, além do golo, tem mais duas situações onde tem espaço e boas condições para definir. Ajustar comportamentos e limitar a sua acção parece chave na definição da eliminatória
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-ErlZS4gTpLE/YDFg399XkxI/AAAAAAAABlg/Eb2CsgOsUzo9i5x1Svp5gT_MZcM5DfT-gCLcBGAsYHQ/w640-h360/1385%2Bmodificada.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-4K2bwGxWCYw/YDFg38yObeI/AAAAAAAABlk/fDdulwOJi4cqWqa65Y15A0vNeRPX-VcEACLcBGAsYHQ/w640-h360/1384%2Bmodificada.png?ssl=1)
O Arsenal tentou aproveitar sempre a pressão do Benfica em seu beneficio. Mesmo frente a um 451 em bloco médio, os gunners começaram por colocar Xhaka e Ceballos de frente para o bloco e a atrair marcações. Fizeram os médios encarnados saltarem aos seus passes para atrair e colocar a bola entre linhas nos espaços interiores onde apareciam os alas. Esta ideia tem uma grande vantagem: obriga a linha do Benfica a recuar e subir constantemente (porque a bola pode avançar e recuar com a utilização da dinâmica do 3º homem) e colocar Odegaard de frente e sem pressão, situação favorável a passe de ruptura. Foi assim que quase deixaram Auba isolado perante Vlachodimos.
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-oFUhsSQWj5s/YDFip7yOe5I/AAAAAAAABl8/jVkmdT5luEUNO9rP3reavo6ZVR6fvHxjgCLcBGAsYHQ/w640-h362/1386%2Bmodificada.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-Jr-4z5iqWtg/YDFip7mWa1I/AAAAAAAABl4/0-8JbE9tpk0oDIShYxhSjAaBfVIrZMJWwCLcBGAsYHQ/w640-h360/1387%2Bmodificada.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-M2bTIgPclzk/YDFip0IksWI/AAAAAAAABl0/nXj3Kp6hOfwuhyWhDyyEXqFe-rdaPmcewCLcBGAsYHQ/w640-h360/1388.png?ssl=1)
No golo, exploraram as costas mas porque Grimaldo ficou a meio caminho entre guardar posição na linha de 5 ou ir pressionar Bellarin,, criando dúvida em Vertoghen
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-GO0sD2ZVi9A/YDFi4CYWfvI/AAAAAAAABmA/bm2RACD2xJ0I1Jajk2OwrEWjTNGj_z8EQCLcBGAsYHQ/w640-h360/1390.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-tIl4-zxd8go/YDFi4NAv1AI/AAAAAAAABmE/f0_IO70E35crgKmHwuu4L9wLb9NhRQs3ACLcBGAsYHQ/w640-h360/1391.png?ssl=1)
Take it easy, Arsenal
No melhor período gunner, Jorge Jesus fez por fechar a porta. As substituições ajudaram e acabou por assumir cada vez mais o 541 e arriscar menos na pressão atrás nos últimos 25 minutos. O que mudou foi mesmo a linha de 5 mais conservadora, laterais a não saltarem e médios menos pressionantes perante quem estava à sua frente e mais preocupados em proteger as costas. Onde antes a prioridade era pressionar, agora interessava controlar. A juntar ao desgaste inglês a verdade é que o ritmo baixou e tirando um ou outro cruzamento, o Benfica foi controlando até ao apito final.
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-NjEW5DwKUuQ/YDFjtcXUoKI/AAAAAAAABmg/gKcm_uM5Xu8HZ-8-TKf2tSk6y67XlPkYACLcBGAsYHQ/w640-h360/1393.png?ssl=1)
![](https://i0.wp.com/1.bp.blogspot.com/-E8gutSYOSSY/YDFjtSppOEI/AAAAAAAABmc/FUAVE5H-we4RVl6Pb36XgK6NFO1RkXm8ACLcBGAsYHQ/w640-h360/1394.png?ssl=1)
Conclusão
Globalmente o Arsenal parece superior, no entanto, os seus períodos de domínio foram interrompidos quando o Benfica conseguiu ter a bola e a verdade é que o Arsenal mostrou indefinição e abriu espaços quando teve de defender no seu meio-campo.
A pressão do Benfica deverá ser obrigatoriamente diferente na 2ª mão mas os ingleses também não devem deixar escapar tantos lances com tanta vantagem como os da primeira parte e poderão estar mais preparados para o comportamento da linha defensiva encarnada quando permanece subida, já melhoraram este aspecto nos últimos 45 minutos.
![](https://i0.wp.com/www.lateralesquerdo.com/wp-content/uploads/2021/02/Captura-de-ecrã-2021-02-20-às-21.09.08-650x399.png?resize=650%2C399&ssl=1)
Deixe uma resposta