Perdidos e Sem Bola

Rui Jorge não alterou o sistema predileto, mesmo após um jogo de enorme sofrimento na Semi Final, e Portugal voltou a demonstrar dificuldades gritantes para controlar defensivamente o jogo – Os avançados ajudaram a fechar corredor lateral mas apenas em zonas mais altas, e os médios portugueses têm perfil de quem sabe e joga bem. Quando do outro lado lhes retiram a bola, notam-se as crescentes dificuldades para a recuperar – O talento incrível de Bragança e Vitinha sofreu por andar exposto a um jogo contra natura – Para se ter bola, não basta ser-se bom com ela – É também necessário ter capacidade para a recuperar rápido e Portugal sofreu por não o conseguir fazer, e como sofreu Abdu Conté sem o apoio de Bragança – chegada sempre tardia. A qualidade do seu jogo ofensivo contrasta com o seu jogo sem bola.

4x4x2 Losango – Avançados a fechar espaços laterais em zona média / alta

Tal como na partida contra a Espanha, a primeira parte ficou marcada por um jogo sem bola – Sem jogadores capazes de se impor no duelo defensivo (Florentino a excepção), e perante uma equipa que também sabe jogar, com um encaixe dificultado pelo sistema adoptado, Portugal correu, correu mas não tirou a bola aos oponentes – Teve, porém, por Vitinha uma oportunidade incrível para inaugurar o marcador.

A segunda parte abriu praticamente com o golo do inevitavel Lukas Nmecha, em mais um lance em que o meio campo luso não foi capaz de suster progressão oponente, em que Abdu nem encurtou nem controlou, e em que Diogo Leite subiu de forma inesperada e irracional, perdendo a obrigatória diagonal de cobertura que minimizaria chances de a bola entrar nas suas costas.

Apenas em desvantagem Portugal voltou a poder assumir o jogo, mas só com a passagem para o 4x3x3 a equipa de Rui Jorge voltou a ameaçar.

A mudança tática com a entrada de Jota e Chico Conceição, alargou a linha ofensiva portuguesa. O talento luso fez-se sempre sentir no momento da posse, mesmo que nem sempre desequilibrando linhas adversárias, contudo, cada perda da posse foi dando sucessivos lances de potencial perigoso alemão.

Até ao final do jogo, embora Portugal tivesse tentado assumir o jogo, foi sempre a Alemanha a aproximar-se do golo – Cada saída encontrava espaço e obrigava os defesas lusos a controlar espaços largos – Quando não foram eficazes, Diogo Costa adiou até ao máximo o sentenciar da final. O guardião do FC Porto foi o melhor jogador português em campo, à frente de Florentino – Como pôde o Benfica abdicar do seu melhor médio defensivo?

Nota final para a errática substituição de Rafael Leão. Não que no campo teórico a decisão de Rui Jorge não parecesse bastante interessante e importante. Porém, sem qualquer compromisso ou foco no jogo, Leão não apenas não desequilibrou como ainda estragou sucessivamente potencial perigoso dos ataques lusos.

Vitória justa da melhor equipa. A Alemanha tomou conta do jogo quando entendeu. Controlou, dominou, ficou com a bola, criou e marcou.

7 Comentários

  1. Uma grande questão que penso que nunca saberemos a resposta. Como o JJ não apostou no melhor médio defensivo que tinha no plantel?
    Espero que se redima nesta segunda época.
    E o Rafael leão, não vejo jogos do milan, mas pelo que vejo nas seleções, nunca percebi as maravilhas que diziam dele. Parece-me ser daqueles que podem ter muito talento mas a cabeça não acompanha.

    • Rafael Leão realizou teve momentos bastante interessantes no Milan, mas parece-me ser um jogador fraco psicologicamente (contrastando com a capacidade física) pois quando as coisas lhe falham não consegue ligar ao jogo e o jogo da seleção foi mais um caso desse. Tem potencial mas precisa de ajuda psicológica.
      Florentino Luís é um caso de estudo. Para mim tem tudo para ser o melhor 6 do campeonato português a seguir a Palhinha, e o Benfica andou a brincar com o futuro deste jogador. Ainda vai a tempo, mas o Benfica tem de mudar a sua postura para com este jogador.

  2. O leão além de desinspirado parecia esgotado, incrível como ficou tanto tempo em campo.
    Mais incrível ainda é deixar o avançado com mais golos de primeira liga no banco.
    Diogo leite continua a ter erros graves de principiante e o lance do golo não foi o único.

  3. O problema de Portugal não é a qualidade dos jogadores. Estes são bons. O problema são os treinadores ! Quando começam a « inventar tácticas ou a imitá-las, impedem a equipa de jogar livremente. Individualmente, Portugal tem jogadores para se impor com à Alemanha. Esta, no primeiro quarto de hora, teve enormes dificuldades. Elas foram reconhecidas pelos comentadores alemãs, pois na televisão alemã que segui o jogo. Alguns defeitos dos nossos jogadores: nunca largam a bola à primeira, levando-a tempo a mais nos pés, o que facilita a antecipação dos passes pelo adversário; laterização permanente no jogo sem procurarem a profundidade; alguns, muito egoístas, na procura de ficarem na história. Portugal podia ter chegado ao intervalo à ganhar, mas o egoísmo impediu que isso aconteça !

  4. Correu tudo mal a Rui Jorge. Não lhe retiro qualquer mérito do que conseguiu até agora, mas penso que tinha matéria humana para conseguir bem mais do que o conquistado neste Europeu. Desde atletas que ficaram de fora, com muito mais minutos de jogo na Liga principal do que alguns chamados. São opções, tudo bem mas não entendo. Não entendo, faz-me confusão, abdicar de alguns jogadores para andarem a treinar com a seleção principal enquanto poderiam estar em competição nos Sub.21 a lutar por um Campeonato Europeu. Para mim não faz sentido.
    Rui Jorge, montou uma equipa com a finalidade de tentar evitar dificuldades que a Alemanha poderia criar, só olhou para os pontos mais fortes da equipa adversária, parece que ignorou ou não sabia quais os pontos fracos, ou menos fortes, da seleção Germânica, esquecendo-se de colocar uma equipa em campo com a finalidade de criar dificuldades ao oponente. Muito raramente os Alemães se sentiram incomodados.
    Já com a Espanha tivemos muita sorte. Não se aprendeu nada com os erros.
    Dany Mota pode não ser muito vistoso a jogar, mas pressiona, massacra, não dá descanso aos defesas, também não entendo a sua substituição. Assim como não entendo o porquê de ter sido desfeita a dupla atacante que deu cabo da defesa Italiana no primeiro jogo. Há jogadores que têm de jogar obrigatoriamente ? A seleção é para quem quer lá estar, tem de se demonstrar isso pelo menos, se é para estar lá por favor ou obrigado, mais vale ficar a praticar o sueco com o seu ídolo. Portugal ontem mostrou respeito em demasia pela Alemanha. Em qualquer modalidade que tenha Guarda Redes, e este seja o melhor em campo da sua equipa, algo está mal na mesma. Ontem, Diogo Costa voltou a ser o melhor.
    Sei que depois do jogo é fácil falar. Mas isto já era mais do que visível desde o primeiro jogo. Temos um meio campo fortíssimo em termos técnicos, quando tem bola, mas na componente física é muito fraco…e os Alemães foram mais fortes, como foram os Espanhóis e como foram os Italianos, depois do efeito surpresa.
    Olhando para os jogadores com idade que poderiam fazer parte desta Seleção, ou até mais novos, na Alemanha um que é considerado dos melhores tem só 17 anos, temos uma Grande Equipa. O mesmo se passa na Seleção “A”. Grande geração, grandes jogadores…mas Futebol jogado é muito pouco.

  5. nao concordo com esta analise. Se voces reparam bem Portugal estava dividido em 2 6 a caracter defensivo e 4 a caracter Ofensivo e como a alemanha se projetava com 5 jogadores e com muito talento individual os seus jogadores encontravamespacos na nossa defensiva. A verdade isso é de uma estrategia ofensiva e com blocos alargados. e nao em Bloco baixo como se costuma defender. Sempre tivemos uma equipa a jogar ofensivamente e desta vez nao funcionou. tivemos varios contre attaques muito mal finalisados.faltava o Ultimo passe nao levamos muito perigo a balisa alema.

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