Sair em construção com 3 centrais – Tendências, adaptações e o central do meio

Sim, de facto está-se a jogar muito na Europa com uma linha de três. Quem acompanhou a minha carreira sabe que há 35 anos comecei no Amora com uma linha de três, para mim é um sistema que não tem segredos e que tem muitas variantes. Não é fácil de o trabalhar porque a maior parte dos jogadores não são formados num 3x4x3 ou num 3x5x2.

Jorge Jesus

Numa coisa o treinador dos encarnados tem razão: os sistemas com três centrais são uma tendência no futebol atual e parecem ter vindo para ficar. Difíceis de anular pela ocupação em largura e profundidade que conseguem colocar no campo, um posicionamento que outrora era muitas vezes assumido com a inclusão de um dos médios na construção hoje em dia é assumido como a estrutura base de algumas das melhores equipas europeias (que o diga o último vencedor da Champions). Se estes sistemas têm muito que se lhe diga nos vários momentos do jogo e que os princípios e ideias de cada treinador confiram características únicas na sua modelação, um dos aspetos particulares acaba por ser a saída em construção curta a partir do GR e para refletir sobre isto interessa começar logo a fazer algumas perguntas cujas respostas nos fazem rapidamente montar a saída que idealizamos: os centrais exteriores, quero fechados, abertos, assimétricos com um perto e outro projetado? O central do meio quero-o dentro da área, fora da área, descaído para algum dos lados? Quero sair verdadeiramente a 3? Ou na verdade sair a 4? Que papel tem o GR? É sobre isso que nos vamos debruçar neste artigo, olhando para algumas das equipas de topo europeias (ou mais familiares aos nossos olhos) e que alinham com sistemas de 3 e perceber o que fazem.

  • Na realidade nacional, tanto Sporting como Benfica optam por colocar os dois centrais exteriores mais fechados, com os alas baixos na largura e colocam o central do meio mais à frente (fora da área), sendo que enquanto o central do meio no Benfica pede mesmo ao centro quase como um “6”, o do Sporting normalmente tem a companhia do verdadeiro trinco ao seu lado, numa saída quase em 2+2.
  • Lá fora, a Alemanha e o Chelsea optam por abrir um pouco mais os centrais exteriores e o central do meio inicia dentro da área, perto do guarda-redes que pode afastar simulando quase uma saída a 4. O Atlético de Madrid, a Bélgica e a Atalanta tornam esta largura um pouco mais exagerada com um dos centrais exteriores a fazer quase lateral, abrindo mais perto da linha e com o ala desse lado a projetar-se em profundidade.

O que faz mais sentido? Depende de vários fatores: das características dos jogadores (se tiver um central do meio que se sinta mais confortável a sair a jogar se calhar prefiro tê-lo dentro da área e não dá-lo imediatamente à marcação; se os centrais de fora tiverem capacidade de receber orientado no corredor e depois progredir talvez os possa abrir um pouco mais então); dos posicionamentos mais à frente (posso abrir mais ou menos a linha de 3 consoante isso permita que haja uma melhor angulação para achar as linhas de passe mais à frente; onde vou ter os meus alas e médios, por forma a ocupar racionalmente o espaço); da pressão do adversário, com possibilidade de adaptação da saída por forma a bater uma pressão mais alta gerando superioridades numéricas em zonas mais baixas.

Sobre Juan Román Riquelme 97 artigos
Analista de performance em contexto de formação e de seniores. Fanático pela sinergia: análise - treino - jogo. Contacto: riquelme.lateralesquerdo@gmail.com

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