
O jogo que colocou ontem o FC Porto ao Sporting CP na noite de ontem teve um impacto mediático na imprensa nacional e internacional devido a todos os casos e confusões que se passaram. Mas no Lateral Esquerdo vamos continuar a preferir olhar para aquilo que se fez de bem e em nome do bom futebol.
Ontem, um jogo cheio de adrenalina, com possibilidades de ter uma importância grande na luta pelo título, seria de esperar que os nervos estivessem à flor da pele. E quando assim é, são os jogadores mais cerebrais que têm de assumir as rédeas do jogo.
O clássico de ontem não foi excepção. Num jogo onde o tempo útil não passou dos 43 minutos jogados, era imperial que esse espaço temporal fosse bem utilizado. Foi isso que Paulinho, Sarabia, Otávio e Fábio Vieira conseguiram fazer com pormenores técnicos e táticos que são reveladores da sua qualidade elevadíssima.
A forma como Paulinho tenta ler o posicionamento dos centrais portistas mesmo antes de Matheus Reis receber, é digna de um avançado inteligente e que é perito nas movimentações no ataque. Sabemos que Paulinho tem estado sempre no tema do dia devido ao número elevado de oportunidades flagrantes desperdiçadas, contudo, a inteligência na maneira como se move, sempre foi de ressalvar e ontem foi decisiva para abrir o marcador.
Sarabia já não surpreende ninguém no que toca ao seu nível técnico e tático elevado. Mas mesmo assim, ontem, não marcando, teve uma importância extrema no segundo golo. A forma como vê Matheus Nunes sozinho do lado oposto do lance e como nunca perde a noção do espaço a atacar, é de jogador de classe mundial. De resto, aparece ao segundo poste, a dar de primeira para a finalização. Nada de novo num movimento que já é habitual do avançado espanhol mas que continua a fazer estragos.
Quando o Porto reduz, é muito graças ao movimento de Otávio que arrasta Nuno Santos que estava a cobrir a entrada da área leonina e deixa o espaço livre para Fábio Vieira reduzir. O mesmo Fábio é o jogador que aproveita os apoios fixos de Esgaio graças à movimentação de Galeno e faz um cruzamento com conta, peso e medida para o cabeceamento de Taremi.
Em jeito de conclusão, sem dúvida que um coletivo forte em todos os sentidos está sempre mais perto de ganhar, porém, hoje em dia, pequenos pormenores técnico-táticos individuais podem resolver os jogos e nesse aspecto, os jogadores que forem mais imunes às pressões que rodeiam este desporto vão ser decisivos.
Um clássico teve 4 golos e que todos tiveram como intervenientes os jogadores que melhor decidem no último terço, que melhor lêem os espaços e que melhor se movimentam não é coincidência.
Cada vez mais, o cérebro tem predominância sobre o físico.
Ficou ontem evidente como o Porto ganhou metade dos campeonatos, nas últimas 4 décadas.
Ficou também claro o erro estratégico dos lagartos, ao fazerem a aliança do Altis, a pensar que destruiriam o Benfica. Apesar de todo o prejuízo decorrente da blasfémia e da pirataria informática, não só não destruíram, como foram, as always, comidos pelos grunhos do Norte.
Como é possível falar-se de futebol, depois do que se passou ontem?
Volta lá para o visão de mercado, aqui queremos discutir o que se passa em campo.